em ações externas
da vontade, entre elas as mais poderosas são aquelas que são contidas em estados corporais- tais como o impulso da
autoconservação, a necessidade de alimento, o impulso da reprodução e o amor
à prole. Quase tão poderosos são a necessidade de estima e os instintos sociais, que estão contidos na vontade. Outras
volições produzem mudanças internas na consciência. A hierarquia do reino
animal está baseada nessa estrutura. (DILTHEY, apud RODI, 1989, p. 119).
Estrutura
significa, então, que um número de funções que constituem a interação entre o
eu e o meio estão ligadas de tal modo, que sua coerência manifesta “uma
intencionalidade imanente subjetiva do nexo psíquico estrutural que é dado na
experiência interna” (RODI, 1989, p. 120).
Parece estar ali a maior dissonância de
Dilthey com Spencer, na medida em que este fez “do princípio da diferenciação
uma lei universal de evolução que devia governar tanto a natureza quanto o
mundo histórico-social” ( RODI, 1989, p. 117). Por sua vez, Dilthey, no texto denominado Esboços
de Breslau, Capítulo 6 - A articulação dos fatos da consciência, procurou estabelecer dois princípios básicos da filosofia, que queremos
aqui entender como método de pensamento. O primeiro: “tudo que me é dado na
experiência interna e externa apresenta-se somente lá para mim como nexo de fatos de minha
consciência”. Em caso de esse princípio ser exclusivo de orientação epistemológica,
correr-se-ia o risco de sermos conduzidos por um fenomenalismo que reduz a realidade à aparência para um
sujeito puramente cognitivo, em cujas veias “não corre o sangue da verdade”. Para
evitar o risco da mera representação de marca de fenomenalismo, propôs,
então, o segundo princípio: “os fatos da consciência não podem ser reduzidos
a algo como uma esfera de imagens para um mero sujeito observador, desligado de
relações com o mundo exterior” (RODI, 1989, p.
118).
Pode-se observar
como ele avança na representação externa do fenomenalismo na seguinte
passagem:
Fatos da consciência são
também - e acima de tudo - a experiência da dor, prazer, alegria, esperança, medo, satisfação, etc., a começar
pela experiência mais elementar da resistência exercida por um mundo exterior sobre os
movimentos do meu corpo (RODI, 1989, p.118).
A vivência (Erlebnis) é a
categoria epistemológica fundamental, como oposta ao conceito de
representação, e os fatos da consciência são dados da totalidade da vida psíquica, de modo
que o mero apoio das ciências humanas deve ser substituído
por uma autorreflexão psicológica e
antropologicamente mais compreensiva. Dilthey alerta que não tem importância
chamar esse tipo de autorreflexão de “filosofia da vida”,
“antropologia do conhecimento”, ou
“fenomenologia”; argumenta, contudo, em favor
de não se tratar de psicologia no sentido restrito
de psicologismo. Isso, enfim, seria para Dilthey a própria vida. Diante disso
é possível afirmar-se que, para Dilthey, toda a verdadeira filosofia deve
desembocar em uma pedagogia, ou, como o autor preferia dizer, uma “teoria da
formação do homem” (AMARAL, 1987, p. XXVI).
Ele afirmava que
nas ciências culturais não se lidava com objetos inanimados que tinham vida
fora do sujeito ou com o mundo de fatos externos e cognoscíveis
objetivamente. Desse modo, o objeto das ciências culturais refere-se aos
produtos da mente humana em conexão com as outras mentes humanas, aí inclusa
a subjetividade, as emoções e os
valores.
Rejeitava do positivismo, também,
a busca de regularidades ou leis, que refutavam seu
uso e aplicação às ciências sociais. “A complexidade da vida social, a
variedade de interações entre os indivíduos, as contínuas mudanças ao longo
do tempo e as
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